XaD CAMOMILA

3 de abril de 2011

É Tudo Verdade



“Um dos mais geniais poetas brasileiros do século 20, Carlos Drummond de Andrade, dedicou um de seus poemas mais célebres ao caráter intangível e plural da verdade. "A porta da verdade estava aberta", começa ele, "Mas só deixava passar/ Meia pessoa de cada vez". Mais adiante, ele prosseguia: "Derrubaram a porta,/Chegaram ao lugar luminoso,/Onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades/Diferentes uma da outra". Esse endereço poético é a mais bela metáfora para este festival.

Drummond é um dos protagonistas da Retrospectiva Brasileira deste ano. "Poesia É Verdade" convida a conhecer, em 15 títulos, como o documentário nacional tem respondido ao desafio maior de captar em imagem e movimento a força da arte e dos artistas da palavra. Um dos faróis desta seleção é um ensaio acadêmico de outra poeta igualmente celebrada neste ciclo, Ana Cristina César. Nenhuma surpresa.

Poetas miram sempre a essência. Quando seus altos padrões de exigência são partilhados por documentaristas, germinam os grandes filmes. A nova safra brasileira e internacional apresentada nesta edição, em competição e fora dela, é pródiga em títulos assim.

A cineasta russa Marina Goldovskaya, em mais de quarenta anos de carreira, fez também seu este desafio. Homenageada em seu 70º. aniversário com nossa Retrospectiva Internacional, Marina extrai encanto ao registrar vidas cotidianas assaltadas pelos ventos da História. Uma mulher e suas (mutantes) câmeras de filmar. Tanta violência, tanta ternura.

Aos cineastas, produtores e técnicos que nos confiaram suas obras, reafirmo a mais profunda gratidão de toda equipe deste festival. Não menos efusivos são nossos agradecimentos às instituições correalizadoras do É Tudo Verdade.

A porta está aberta: aproveitem!"



Amir Labaki

Fundador e Diretor
É Tudo Verdade
Festival Internacional de Documentários

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