A adesão à greve dos servidores do judiciário paulista, no terceiro dia de paralisação, cresce cada vez mais. Na capital, alguns cartórios do "Fórum João Mendes" fecharam e outros estão atendendo apenas casos urgentes. Em Campinas, cerca de 60% dos funcionários não compareceram aos postos de trabalho. Serviços como audiências e atendimentos nos cartórios ficaram bastante prejudicados. Em todas as outras comarcas do interior, os servidores também demonstram seu espírito de luta pela reivindicação de seus direitos.
Os servidores reivindicam reposição salarial de 20,16%, em razão das perdas acumuladas nos dois últimos anos. Também lutam por melhores condições de trabalho e contratação de mais funcionários.
A AASPTJSP (Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) informa que, ao contrário dos servidores, os juízes paulistas têm recebido reajustes, além da reposição das perdas salariais regularmente.
Ainda segundo a AASPTJSP, no judiciário paulista tramitam cerca de 18 milhões de processos, as varas estão sobrecarregadas e calcula-se que haja um déficit de 15 mil funcionários. A falta de condições de trabalho reflete-se no serviço prestado à população. O atendimento a uma criança vitima de violência chega a demorar até seis meses para ser iniciado. Também existem situações graves de desrespeito do direito ao sigilo, já que muitos dos atendimentos realizados no TJSP são feitos em locais inadequados e insalubres e sem a devida proteção acústica.
De acordo com a ASSOJURIS (Associação dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo), 40% dos funcionários do fórum de Ribeirão Preto aderiram à greve, sendo que alguns cartórios estão completamente vazios. Em Assis, o número de servidores parados chegou a 30% do efetivo do fórum da cidade, segundo avaliação da subseção local da OAB.
Já na Vara da Infância e da Juventude do "Fórum Regional do Tatuapé", em São Paulo, só 3 dos 17 funcionários foram trabalhar. A média de 40 atendimentos diários caiu para 3. "Só não paramos tudo por conta da natureza do serviço que prestamos, mas sou favorável à greve", disse Agenor Rolini, diretor da Vara.
Para a presidente da OAB em Campinas, Tereza Dóro, a greve, mesmo parcial, deve fazer com que o prazo de alguns processos sejam suspensos.
Ontem (29/04), o comando de greve organizou piquetes na entrada do "Fórum João Mendes". A estratégia é conseguir um aumento gradativo no número de grevistas até quarta-feira (05/05), data da próxima assembléia.