análise dos aspectos psicológicos e da autoimagem de mulheres vitimizadas
por Carmem Aristimunha de Oliveira, Alicia Carissimi & Evelyn Darling Lima de Oliveira *
“A violência, em especial a violência contra a mulher, constitui um fenômeno que alcança magnitude e complexidade, sendo, inclusive, considerado um problema de saúde, pois produz impacto na qualidade de vida e no estado de saúde de quem a sofre. A partir desse agravo, em 7 de agosto de 2006, foi sancionada a Lei Maria da Penha, Lei n. 11.340, que estabelece mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a violência contra as mulheres consiste em uma violação dos direitos humanos e um impedimento na conquista da igualdade de gênero, ao mesmo tempo em que ocasiona um grave problema de saúde pública, afetando profundamente a integridade física e a saúde mental das mulheres, da família e da comunidade.
No Brasil, a cada 4 minutos, uma mulher é agredida em seu próprio lar por uma pessoa com quem mantém relação de afeto. 70% dos crimes contra a mulher acontecem dentro de casa, e o agressor é o próprio marido ou companheiro. Além disso, mais de 40% das violências resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos (Narvaz e Koller, 2006). O alto índice desses episódios de violência gerou interesse em compreender diferenças no que tange às características psicológicas de mulheres agredidas e na sua autoimagem em idades diferenciadas.
Sabe-se que a violência não será igualmente percebida ou vivida por toda mulher. Há elementos, como idade, condições familiares, sociais, econômicas e culturais, que podem se conjugar ao gênero. As relações de gênero que fundam a violência não existem no vazio, mas sim em contextos históricos e socioculturais específicos que conferem características diferenciadas à violência, assim como os fatores de risco e fatores de proteção em contextos mais e menos vulneráveis (Marques e Pacheco, 2009).
Nesse âmbito de violência, percebe-se o quanto são significativas a autoestima e a autoimagem das mulheres agredidas que denunciam sua agressão junto às delegacias especializadas, pois estas características refletem no autorreconhecimento, assim como na valorização de suas potencialidades, sentimentos, atitudes e ideias, justificando a necessidade da investigação desses elementos.
Portanto, entende-se como premente colocar em análise a questão da violência contra a mulher, examinando-a de forma mais profunda, com foco nos aspectos psicológicos implícitos em sua dinâmica. Para tanto, propõe-se discutir, efetivamente, suas causas, consequências na autoestima e na autoimagem de mulheres vítimas, além de refletir sobre como esse fato é combatido pela sociedade e pelo Estado, buscando a compreensão psicossocial.” [Para acessar o artigo na íntegra, clique aqui]
* Trabalho publicado na Revista Contextos Clínicos, Unisinos, janeiro-junho 2010