SEMANA DA LUTA ANTIMANICOMIAL 2013
Em tempos de opressão, marcados pela intensa velocidade de
informações, onde as exigências são cada vez mais complexas, em uma sociedade
competitiva e orientada pelo ter em lugar do ser, o CRP SP, no marco das ações
para a Semana da Luta Antimanicomial 2013, pergunta: Qual a sua loucura?
Esta é uma questão que o CRP SP quer debater este ano, através de uma programação
construída junto a entidades, serviços, coletivos e movimentos sociais
antimanicomiais.
Em aproximadamente 40 anos de mobilização em defesa da democratização da saúde,
a luta pela Reforma Psiquiátrica Brasileira se fez presente no decorrer de
quatro Conferências Nacionais de Saúde Mental, conquistando inúmeros avanços
como a consolidação do SUS (Sistema Único de Saúde), a criação de modelos diversificados
de atenção integral à saúde mental e novos marcos legais de reorientação da
atenção e dos direitos dos (das) que sofrem com o transtorno mental ou que
fazem uso nocivo de drogas.
A realidade do estado de São Paulo segue na contramão da reforma psiquiátrica,
com práticas higienistas e opostas à lógica da liberdade, princípio fundamental
de uma vida plena de direitos. Aqui, os dispositivos manicomiais vêm se
ampliando de maneira assustadora, com outra "cara", como casas de
repouso para idosos, comunidades terapêuticas, ações de internações
compulsórias em massa e sem critérios clínicos, entre tantos outros que
segregam e excluem milhares de pessoas.
As ações do governo caminham na direção de mais polícia nas ruas, menos
liberdade, aumento da violência e encarceramento. A população pobre, sobretudo
os jovens e negros, que sofrem no cotidiano a criminalização de sua condição, é
a mais afetada por esse tipo de política. A juventude tem passado pelo
cerceamento de liberdades, acompanhado pelo aumento no número de mortes nas
periferias com a justificativa da guerra às drogas, do combate ao tráfico e da
"criminalidade". A "dependência química" tornou-se banal,
mas os maiores riscos e danos relacionados à drogas são causados pelo proibicionismo,
que expande o poder punitivo e nega direitos fundamentais.
Para defender a continuidade e o fortalecimento das políticas previstas na
Reforma Psiquiátrica Antimanicomial e, para levar esta discussão para a
sociedade brasileira, o CRP SP problematiza as tensões, contradições e traz
tudo isso para o debate em 2013.
... Qual a sua loucura?
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