Acabo de voltar da passeata na Av. Paulista, convocada pela direção nacional do PT. Éramos não mais de 200 militantes.
Quando cheguei à concentração, na Av. Angélica, vi que talvez não conseguíssemos caminhar nem 100 metros... O ódio dos que estavam na Paulista e que ocupam as ruas há dias era total. Mas esse ódio não era direcionado apenas ao PT. Era contra qualquer bandeira, qualquer movimento social organizado. A CUT estava presente. O Movimento Passe Livre. E a UNE também.
Durante a passeata, várias bandeiras foram atacadas, rasgadas e queimadas sob gritos de "Fora PT, vai tomar no cu!", "o povo acordou", "oportunistas" e, last but not least, "mensaleiros"!!!
Desde o início, foi necessário formar um cordão humano para "proteger" o final da passeata. Às vezes, formava-se um cordão também na lateral.
Os ataques acompanharam toda a passeata. Fomos vaiados na maior parte do tempo (por milhares, milhares de manifestantes). O silêncio só veio quando cantamos um trecho do hino nacional. Também gritávamos: "Sem violência", "Democracia", "Vem pra rua, vem contra a tarifa", "olha que loucura, contra partido, parece ditadura" e "R$ 3 não dá, contra a tarifa, é passe livre já".
Durante o trajeto, tentaram invadir a passeata, ameaçaram, provocaram, partindo para a agressão, xingando o tempo todo. Foi tenso. Deu um medo danado.
Um dos gritos que se expandia com muita facilidade, espalhando-se pela Paulista, era: "O povo unido não precisa de partido". Enquanto gritavam, as pessoas, que ocupavam as laterais da avenida, colocavam os braços para cima, em gesto típico do nazismo/fascismo.
Seguimos até o Masp. Não sei nem dizer como conseguimos. Nessa hora, os gritos de "abaixa a bandeira" tornaram-se cada vez mais fortes. E os ataques também. Chutes e ameaças, de um grupo de "carecas" e fortões, que seguiu a passeata durante todo o trajeto, tornavam a cena totalmente assustadora.
Na altura da estação Trianon-Masp fomos cercados. A passeata tornou-se, praticamente, um cordão humano, de um lado e de outro. Começaram a jogar rojões em cima da gente e bolas de papel com fogo.
Nessa hora, correram avisos para que a gente guardasse as bandeiras. Eu, por exemplo, estava empunhando uma bandeira da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (acho que era isso) e desfilei o tempo todo enrolada numa bandeira do PT. Alguém pegou a bandeira da UEE e outro me avisou para tirar a bandeira do PT e guardar na mochila (para evitar linchamento e coisas do tipo, caso a passeata se dispersasse).
Para vocês terem uma ideia, eu estava compondo o segundo cordão no fim da passeata. Não foi nada fácil.
Nesse momento surgiu o grito: "Fascistas, Fascistas, Não Passarão!!".
O grito foi entoado em uníssono, com muita força. Embora o momento não fosse propício, cheguei a rir quando uma moça, que estava atrás de mim, soltou: "gente, não adianta gritar isso, eles não sabem o que é, vão achar que é só provocação e, ao que parece, somos minoria!!".
E éramos. Depois de alguns minutos, abaixamos as bandeiras, a passeata foi invadida. Dispersamos.
Voltei para casa, com a bandeira na mochila, pensando. Pensando muito. Lembrei do Allende.
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Há um dia
4 comentários :
Dei uma boa volta pela passeata que estava nas pontes que ligam a ilha de Florianópolis ao continente. Em alguns momentos vi os gritos de "sem partido" da maioria contra alguns grupos que carregavam bandeiras partidárias mas apenas como crítica; nada que sugerisse violência. Em floripa o pessoal e mais "de boa". Por outro lado nesses momentos que eu presenciei as bandeiras não eram do PT, ou seja, dos "culpados" pela construção dos estádios e etc. O que eu gostei mesmo foram dos cartazes: um deles tinha um ícone para clicar escrito "formatar o Brasil". Acho que na linguagem da informática o que está sendo sugerida é a nova constituição de 2013... pessoal criativo.
Aqui em SP foi horrível. Assustador mesmo.
Porquê vocês tem mania de achar que todo mundo que não participa de um movimento de esquerda é automaticamente fascista/nazista?
Algumas pessoas só querem o fim da corrupção, trazendo assim melhorias à infraestrutura do país e à qualidade de vida, consequentemente.
E porquê ainda vocês acham certo levar bandeiras de seus partidos à um movimento público e apartidário?
"Ah, mas não foi essa a intenção do MPL". Não importa, o que importa é que ele, de fato, é um movimento apartidário e se os militantes não gostam, que façam outro só para eles.
Anônimo, talvez vc comece a entender o significado do que aconteceu lendo o texto – “Não há um “movimento” em disputa, mas uma multidão sequestrada por fascistas”.
Seguem uns trechos: “Uma multidão sem representantes, cuja direção (rumo) parece ter sido sequestrada por grupos de extrema-direita e passa a atacar instituições públicas, partidos políticos e manifestantes de esquerda, não só não me representa como passa a ser algo a ser combatido politicamente. (...) Uma democracia, entre outras coisas, significa existência de partidos, de representantes eleitos pelo voto popular, do debate político como espaço de articulação e mediação das demandas da sociedade, do direito de livre expressão, de livre manifestação, de ir e vir. Na noite de quinta-feira, todos esses traços constitutivos da democracia foram ameaçados e atacados, de diversas formas, em várias cidades do país.”
O texto completo está em: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=6155
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